A orla de Copacabana ganhou, nesta terça-feira, sinal de internet sem fio (wireless). O programa Orla Digital foi inaugurado às 10h, com presença do governador Sérgio Cabral. A expectativa é que o sinal gratuito atinja cerca de cem mil pessoas no bairro. O evento deu início à primeira etapa do projeto, lançado em janeiro deste ano, sob a coordenação técnica da Coppe/UFRJ, com tecnologia Motorola. O secretário de Ciência e Tecnologia, Alexandre Cardoso, disse que a implantação será no trecho que vai da Av. Princesa Isabel até a Santa Clara.
- Nesta fase o sinal estará liberado, mas precisamos ainda avaliar qual será a demanda pelo sistema. Seguindo nosso cronograma, o restante do sinal será liberado em meados de agosto - afirmou.
Células de conexão terão 10Mb de banda
Financiado pela Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (SECT), com verba da Fundação Carlos Chagas de Apoio à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), o projeto técnico é coordenado pelos professores da Coppe Luís Felipe Magalhães de Moraes e Claudio Amorim.
O professor Claudio Amorim, responsável pelo laboratório de computação paralela da Coppe, explica que serão 21 pontos de acesso com módulos mesh para interligação entre as células de conexão. Os pontos serão separados por 250 metros entre si, distância considerada ideal para cobrir a extensão de 4,5 km da orla de Copacabana.
- Amanhã nós inauguramos duas células, que cobrem da Princesa Isabel até a Santa Clara. O sinal pode ir mais além, talvez até o final do Leme, mas se chegar será mais fraco. Para as ruas internas do bairro o limite será pequeno, não deve chegar até a Nossa Senhora de Copacabana, por exemplo, até por causa da interferência das redes privativas.
Cada uma dessas células terá cinco pontos de acesso, com 10 Mb de banda, em média, cada um.
- A rede mesh tem a propriedade de um ponto de acesso falar com o outro. Se um ponto de escoamento der problema, a própria rede transfere a conexão. Essa redundância garante uma maior eficiência - explica Amorim.
Para se conectar à internet será preciso entrar no portal do Orla Digital para fazer o cadastro de nome de usuário e senha. Nesta terça-feira o acesso será aberto, sem necessidade de cadastro, mas o portal deve entrar no ar ainda esta semana. No início o serviço estará aberto para webmail e navegação na internet. E os concorridíssimos e polêmicos programas que permitem transferência p2p , serão permitidos?
- p2p em princípo não. Como é público, temos que saber se o excesso de tráfego vai perturbar o funcionamento da rede. Temos que garantir o básico, que é ler email e navegar. Se o tráfego em p2p começar a prejudicar, vamos ter de controlar isso de alguma forma - alerta o professor.
Equipe já pensa em formas de utilizar a rede gratuita
Amorim diz que a equipe pensa também em criar algum tipo de limite de tempo para o uso, de uma hora, por exemplo, "para que ninguém monopolize a rede".
- Esse é um projeto de pesquisa que está sendo implantado na orla, então nos primeiros meses nós vamos descobrir muitas coisas em termos de demanda, de sites acessados. Não existe um limite de banda para cada pessoa, mas se tiver muita gente online ao mesmo tempo pode cair a qualidade da conexão.
A equipe da Coppe já tem alguns projetos pensados para a rede gratuita, entre eles um sistema de vídeos educativos.
- Poderemos colocar um telão na praia e transmitir um musical, uma palestra na internet, por exemplo. Acreditamos muito no potencial desse serviço - diz Amorim.
O pesquisador lembra ainda que as escolas localizadas na orla poderão se beneficiar, abrindo cursos e treinamentos profissionais. Ele cita ainda possíveis aplicações para telemedicina.
- Será possível fazer amostragem da população com cooperação de hospitais universitários. Leva a universidade mais perto da comunidade.
Segurança é uma das maiores preocupações dos usuários
O secretário de Ciência e Tecnologia disse que há interesse em fazer uma parceria com a Secretaria de Segurança Pública para a instalação de câmeras de vigilância na orla:
- Conversei com o secretário José Mariano Beltrame e, com a tecnologia de que dispomos, poderemos implantar as câmeras num prazo bem curto.
A instalação do sistema na praia custará R$ 980 mil. A prefeitura permitiu a instalação de equipamentos e cabos de fibra ótica em postes e dutos.
Segundo Alexandre Cardoso, ainda este ano a rede sem fio chegará à Zona Oeste e aos municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Belford Roxo e São João de Meriti. A expectativa é que todo o estado seja atendido por ela até o fim de 2010, a um custo total de R$ 40 milhões.
- Copacabana foi escolhida por que é vitrine, mas queremos levar esse projeto até o Recreio - anuncia Claudio Amorim.
Fonte: O Globo
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