18 agosto 2007

Crise na rede estadual chega ao Hospital de Saracuruna

A expressão no rosto do aposentado Adilson da Silva, 57 anos, mistura cansaço e resignação. Na porta do Hospital Estadual de Saracuruna, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, às 16h, Adilson tinha acabado de ser consultado, depois de uma espera de quatro horas. Deixou a unidade com dois raios X do tórax e a indicação para procurar um peneumologista em uma outra unidade da rede pública. A cena é parte do retrato da crise em que se encontra o hospital, de acordo com denúncia do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Rio (Sindsprev-RJ).

Diretora do sindicato, Rosemeri Paiva contou que médicos, enfermeiros e pacientes vêm sofrendo com a falta de material e medicamentos na unidade, inaugurada em 1999. Faltam, revelou a dirigente, materias básicos como seringa, gaze e luvas e sapatilhas para a realização de cirurgias. A preocupação, de acordo com Rosimeri, é que a situação tem levado os médicos a improvisar cirurgias, que poderão até ser suspensas.

A crise, garantiu Rosimeri, não atinge apenas a unidade de Saracuruna. Outros hospitais estaduais, como o Carlos Chagas, em Marechal Hermes, e o Albert Schweitzer, em Realengo, também sofrem com a falta de investimentos.

- Isso é um exemplo do quadro em que se encontra a saúde no Estado. É um genocídio completo na saúde - disse a diretora do Sindsprev-RJ. - O atual governo prometeu, mas continua repetindo as gestões anteriores. Não há investimentos.

A crise no Hospital de Saracurana, conforme contou Rosimeri, já foi encaminhada à Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj). A dirigente, agora, espera uma resposta dos parlamentares. A idéia é levar os deputados que integram a comissão para fazer uma inspeção na unidade, que atende 500 pacientes por dia, em média, e conta com 2.200 funcionários.

- Falta até roupa de cama. O hospital tem uma demanda grande naquela região. São pessoas de baixa renda, que não têm outra opção - ressaltou Rosimeri. - É uma perversidade o que o Estado faz naquela unidade.

Na tarde de ontem, poucos pacientes esperavam por atendimento. O aposentado Adilson da Silva teve de esperar quatro horas para ser atendido. Do tempo de espera, segundo contou, duas horas foram para o horário de almoço do médico que o atendeu.

- Cheguei aqui passando mal. Esperei e, na minha vez, disseram que o médico tinha saído para almoçar. Mas só voltou duas horas depois - disse Adilson, resignado. - O que podemos fazer? Vou procurar outro hospital mesmo.

Fonte: JB Online.

2 comentários:

Unknown disse...

É lamentável esta situação, principalmente porque pagamos impostos para que isso não aconteça. No período de 23 à 27 de abril de 2008, a minha filha de 13 anos esteve internada neste hospital, e durante este período observamos vários problemas, entre eles a falta de materiais necessários ao atendimento hospitar (ex.: falta equipo, devido a este fato o mesmo está sendo reutilizado nos pacientes.); A minha filha fez uma cirurgia de Apendice e ficou nos dois últimos dias de internação sem a visita de um cirurgião (fui informado que os cirurgões estavam sobrecarregados e devido a este fato não tinham tempo de fazer a visita aos pacientes internados). Resumindo, devido a estes problemas tive que retirar a minha filha de lá, e ainda assim tive que ligar para o 190, só após a ligação que a Assistente Social de plantão e a Chefe dos Médicos autorizaram a saída (por volta de 1:00h da manhã do dia 27). É inacreditável a situação do servíço público deste país.

Anônimo disse...

"DESCASO TOTAL!!!"
EU TIVE BOAS REFERÊNCIAS DESTE HOSPITAL, PORÉM, MINHAS FRUSTRAÇÕES QUE COMEÇARAM NO FINAL DE OUTUBRO O ANO PASSADO (2009) SÓ AUMENTARAM ATÉ HOJE 10/03/2010. MINHA FILHA BRUNA QUE PRECISA DE UMA OPERAÇÃO DE VESÍCULA JÁ ESTEVE COM A OPERAÇÃO MARCADA POR VEZES, PORÉM ATÉ HOJE NÃO TIVEMOS ÊXITO EM CONSEGUIR A REALIZAÇÃO DESTA OPERAÇÃO. JÁ FORAM MARCADAS CONSULTAS E A DRª NÃO COMPARECEU NOS DIA MARCADOS E NINGUÉM ABSOLUTAMENTE NINGUÉM, NEM DA RECEPÇÃO OU ASSISTENTE SOCIAL, NINGUÉM SEQUER CONHECIA A DRª QUE HAVIA MARCADO A DITA CONSULTA... HOJE, 10/03/2010 ESTAVA MARCADA A BENDITA OPERAÇÃO E INFELIZMENTE MINHA FILHA QUE CHEGOU DE MADRUGADA, SEM COMER NADA, SAIU DO HOSPITAL ÀS 9:00 DA MANHÃ DE VOLTA PRA CASA PORQUE "NÃO TEM LEITO PRA ELA"... SERÁ??????? SINTO-ME UMA VÍTIMA DO "DESCASO", PIOR AINDA PRA MINHA FILHA DE 10 ANOS QUE INFELIZMENTE PRECISA PASSAR POR ESTA SITUAÇÃO. TENHO CERTEZA DE QUE SE FOSSEMOS APADRINHADOS POR ALGUÉM ELA JÁ TERIA SIDO OPERADA. MAS "NÃO" QUERO SER APADRINHADO POR NINGUÉM. QUERO É QUE OS DIREITOS DE CIDADÃ E DE PESSOA DE MINHA FILHA SEJAM RESPEITADOS. HOJE, EM 2010, O QUE TENHO É UMA FRUSTRAÇÃO ENORME PORQUE NÃO TENHO CONDIÇÕES FINANCEIRAS PRA FAZER A OPERAÇÃO "PAGANDO", NUM PAÍS ONDE OS GOVERNANTES DIZEM QUE A SAÚDE ESTÁ EM PLENO CRESCIMENTO. SEI QUE MUITA COISA MELHOROU NO PAÍS É BEM VERDADE. SÓ O QUE NÃO MELHOROU É A ENORME DIFERENÇA QUE EXISTE ENTRE QUEM TEM DINHEIRO E QUEM NÃO TEM. SOMOS OBRIGADOS A ENGOLIR E FICA POR ISSO MESMO.