Mais turmas de Ensino Médio durante o dia

Estado quer comprar 200 prédios para abrigar escolas que dividem imóveis com Município hoje. Mestres começaram a receber laptops

Para acabar com a carência de vagas para o Ensino Médio no período diurno, o governador Sérgio Cabral afirmou que pretende adquirir novas escolas. A novidade foi anunciada durante a entrega dos primeiros laptops que o estado distribuirá para 31 mil professores.

De acordo com estimativa da secretária estadual de Educação, Tereza Porto, será necessária a aquisição de 200 prédios. Segundo o Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação (Sepe), na capital cerca de 90% dessas unidades só têm vagas para o turno da noite. Já a secretaria afirma que 57,8% das de Ensino Médio da Região Metropolitana funcionam somente à noite.

“Não se inaugura uma escola de Ensino Médio há 15 anos. A carência é bárbara. Vamos partir com a Secretaria de Governo para comprar prédios e rapidamente abrir essas escolas”, afirmou Cabral, ontem, durante a distribuição de 46 laptops. Os equipamentos foram comprados para mestres da 6ª série ao 3º ano no Ciep Nação Mangueirense — Governador Leonel de Moura Brizola, na Mangueira. Na Escola Adelina Castro, em Caxias, mais 16 foram distribuídos.

Cabral garantiu que há recursos para abrir novas unidades sem deixar de resolver os problemas da rede: “Vinte e cinco por cento do orçamento do estado dá para, paulatinamente, melhorar o salário dos professores, ir melhorando os colégios, abrindo novas escolas”.

Tereza Porto informou que atualmente estado e município dividem 286 prédios. A prefeitura usa os edifícios de dia e, à noite, é a vez dos alunos da rede estadual. “Precisamos identificar em que áreas existe uma demanda de alunos e quais são os prédios disponíveis nessas regiões”, explicou ela.

A secretária anunciou que serão comprados mais 18 mil laptops com acesso grátis e irrestrito à Internet para professores da 1ª a 5ª série e diretores de escolas na segunda fase do projeto Conexão Professor. Os primeiros 30.866 notebooks custaram R$ 70 milhões.

Ontem, muitos professores do Ciep estavam animados com o novo instrumento de trabalho, mas outros reclamavam dos baixos vencimentos. “Tinham primeiro que melhorar os salários”, disse uma educadora, sem se identificar. Em seu discurso, a secretária afirmou saber que precisa melhorá-los: “Nós temos a consciência plena de que a melhoria do salário é fundamental”.

CABRAL: ESTIMATIVA DE SINDICATO É ‘TERRORISMO’

O governador Sérgio Cabral chamou de terrorismo os números divulgados pelo Sindicato dos Profissionais de Educação (Sepe), mostrando carência de 26 mil professores na rede, que resultaria em 100 mil alunos sem aulas. “Isso é terrorismo. É evidente que não existe isso. Estão entrando agora quase sete mil professores e vão entrar mais. Evidente que, se você procurar, encontrará ainda escola com carência de professores”, disse, criticando a estimativa do Sepe de 40 mil estudantes sem professores em São Gonçalo. Segundo o Sepe, os outros 60 mil alunos carentes de mestres estão na Baixada. Cabral enfatizou a proposta de municipalizar escolas do Ensino Fundamental, principalmente em S. Gonçalo.

Os quase 4 mil professores Docente I — do 6º ao 9º ano dos ensinos Fundamental e Médio — começaram a tomar posse ontem. Alguns se desapontaram ao saber que lecionarão em unidades distantes, como a professora de Educação Artística Myriam Athayde, 29, que terá dará aulas em 3 bairros: Engenho Novo, Thomás Coelho e Maria da Graça. Moradora do Grajaú, ela está preocupada. Para o Sepe, esse é um dos problemas que agravam o déficit de profissionais.

Fonte: O DIA